Encontro reúne Guardiões da Medicina Tradicional Indígena no Ceará para compartilhamento de experiências da transmissão dos saberes.
O II Encontro da Medicina Tradicional Indígena do Ceará aconteceu entre os dias 15 e 18 de agosto na Aldeia Realejo, em Crateús – CE.
Os Povos Indígenas são os Guardiões milenares dos conhecimentos ligados à cura de enfermidades através das plantas e ervas medicinais, usam desde o princípio o que a natureza dá para o cuidado com os seus e as suas preservando a sabedoria ancestral que é passada entre as gerações.
No Ceará, os 16 Povos Indígenas representados por 10 polos que compõem o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena do Estado- DSEI CE , apresentaram suas experiências durante o II Encontro. A programação foi de escuta aos Troncos Velhos Detentores dos Conhecimentos Tradicionais e Lideranças sobre os Saberes Ancestrais, e contou com mesas sobre medicina tradicional e seus usos na saúde indígena, as parteiras e seus conhecimentos e saneamento ambiental e recursos hídricos.
A representante da Microrregional do Ceará da Articulação dos Povos e Organizações Indígena do Nordeste Minas Gerais e Espírito Santo – Eliane Tabajara , definiu o encontro como fortalecedor: “Contribuiu para o fortalecimento da nossa cultura através dos saberes tradicionais dos povos Indígenas que estavam ali presente no II Encontro da Medicina Tradicional, e se faz necessário manter e fortalecer a medicina tradicional não somente dentro da nossa comunidade, mas dentro da escola indígena e principalmente dentro dos espaços da saúde indígena”. Eliane destacou ainda a mesa sobre as parteiras: “Outro ponto importante discutido foram as práticas das parteiras, que também fazem parte da saúde. São as parteiras que detém um conhecimento ancestral e temos que manter viva essa sabedoria que há muitos anos já foi proibida”.
O parto realizado de forma natural com o auxílio de uma parteira do povo, hoje é raro nas aldeias indígenas do Ceará. A facilidade do acesso aos hospitais e maternidades tem feito com que as mulheres decidam por partos nesses espaços, provocando a perda gradativa da cultura e do conhecimento. No encontro houve um debate sobre a importância da manutenção desse saber e formas para garantir a transmissão do conhecimento, com as mulheres que detêm o saber de partejar.
“É necessário que possamos manter e ampliar esses encontros levando sempre não somente para a teoria mas, também utilizando as práticas, produzindo nossas mesinhas com remédios, chás, garrafadas, lambedores, shampoos, sabonetes anti inflamatórios e outros. Queremos uma saúde que fortaleça os nossos saberes e foi importante essa iniciativa do DSEI!” conclui Eliane Tabajara.
O Encontro teve sua primeira edição no ano passado, 2022, e se consolidou com a realização em 2023 como uma atividade anual nas ações do DSEI. O Coordenador do DSEI CE – Lucas Guerra comentou sobre o evento: “O encontro, ocorrido na Aldeia Realejo, foi de grande importância para promover o diálogo entre os povos e realizar troca de experiências entre os saberes e práticas de medicina indígena. Ele finaliza assumindo o compromisso de fortalecer a medicina tradicional: “Queremos fortalecer as práticas tradicionais nos dez polos base de saúde indígena, integrando as ações de nossas equipes multidisciplinares com as organizações indígenas e os cuidadores da medicina tradicional”.
A programação é uma realização do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena do Ceará – DSEI CE em parceria com instituições. Participou do evento o Coordenador da FUNAI Regional Nordeste II – Thiago Anacé.
A Medicina Tradicional Indígena é Saber Ancestral!
Luan de Castro Tremembé
Comunicador Indígena
comunicacaoluantremembe@gmail.com
(85) 98228 5022
Fotos: Marciane Tapeba e Gizele Porto