APOINME

Encontro “O tempo-encanto e a liberdade criativa da agricultura do Sagrado

 

De 02 a 04 de junho aconteceu o Encontro “O tempo-encanto e a liberdade criativa da agricultura do Sagrado: reflorestar mentes por uma ecologia ancestral contribuindo com o Bom Conviver”, no primeiro dia aconteceu no auditório da Fiocruz em Recife – PE, nos demais dias aconteceu no território indígena Xukuru do Ororubá em Pesqueira – PE.

É uma etapa da pesquisa “Promoção emancipatória da saúde em territórios indígenas no semiárido como estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas”. O encontro contou com a participação de representantes do povo Xukuru do Ororubá – PE, do povo Tingui – Botó – AL, do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat/Fiocruz-PE), do Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes/ENSP/Fiocruz), da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo/Apoinme, grupos acadêmicos como a Faculdade de Psicologia da Universidade de Alagoas, Universidade de Pernambuco e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Em Recife, no auditório Frederico Simões Barbosa – Fiocruz PE, aconteceu a mesa de abertura do Seminário com André Monteiro (Fiocruz- PE), Wanessa Gomes (UPE) e Alexandre Pankararu (Apoinme). A segunda delas teve como tema as Narrativas Indígenas do Nordeste: audiovisual e diálogos interculturais nas lutas por saúde, dignidade e direitos territoriais. Os palestrantes foram Marcelo Tingui e Kleber Xukuru, com moderação de Marina Fasanello (Neepes/ENSP/Fiocruz) e a participação especial de Graciela Guarani (Diretora e Roteirista de Cinema). A terceira mesa falou de uma Promoção emancipatória da saúde em territórios indígenas no semiárido: diálogos interculturais como estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas. Os palestrantes foram Iran Xukuru e Jairã Tingui, com moderação de Marcelo Firpo (Neepes/ENSP/Fiocruz).

Nos demais dias no espaço de partilha de saberes e diálogos interculturais, no Território Indígena Xukuru do Ororubá aconteceram guianças e rodas de conversa  com pesquisadores acadêmicos, pesquisadores do território, lideranças e anciãos e anciãs do Território Indígena. Por fim houve uma vivência no espaço Mandaru, local onde acontece a assembleia Xukuru, e os participantes do encontro tiveram a oportunidade de presenciar o ritual sagrado do povo, ouvir e dialogar com o Pajé Zequinha e Mãe Zenilda Xukuru, que falaram sobre a luta e resistência dos Xukuru e a história de seu grande líder Xikão.
O encerramento aconteceu com uma mostra de cinema, que teve como destaque o longa metragem “Meu Sangue é Vermelho”, produzido  pela A Needs Must Film, cinematografia e direção de Graciela Guarani, Marcelo Vogelaar, Alexandre Pankararu, Tiago Dezam, Leo Otero e Thomaz Pedro.

Este encontro fez parte da pesquisa que busca intensificar processos de resgate de saberes e práticas tradicionais que avancem na recuperação dos ecossistemas para a produção de alimentos e plantas tradicionais, tornando tanto os ecossistemas como as populações locais mais resilientes.

O estudo é desenvolvido em dois territórios indígenas, das etnias Tingui-Botó, em Alagoas, e Xukuru do Ororubá, em Pernambuco. Ambos inseridos no semiárido e vulnerabilizados pela desertificação e agravamento de problemas de saúde. A pesquisa tem por base a edição anterior, que apontou para necessidade de apoiar e fortalecer alternativas sustentáveis e interculturais que integrem ações e práticas tradicionais de reflorestamento, de agricultura e de cuidado em saúde e sua relação com SasiSUS, no enfrentamento às vulnerabilidades emergentes e reemergentes em saúde nestes territórios indígenas (TIs). No âmbito da promoção da saúde, da agroecologia e agricultura do sagrado, estão sendo desenvolvidas também atividades de educação e formação com os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN), assim como a sistematização e resgate de sementes, contribuindo para restauração florestal. Além disso, está sendo realizado registro audiovisual visando a saúde do território e o engajamento de jovens na defesa do território e da cultura tradicional.

O projeto faz parte do Edital Inova Indígena e dá continuidade à cooperação anterior entre a Fiocruz-PE e a ENSP. Nos anos 2021 e 2022 foi desenvolvido o projeto “Narrativas, memórias e diálogos interculturais: construindo uma rede audiovisual indígena do Nordeste como estratégia de uma promoção emancipatória da saúde para o fortalecimento do SasiSUS nos territórios”. O projeto resultou, entre outros, na plataforma http://narrativasindigenas.ensp.fiocruz.br/ que disponibiliza mais de 100 vídeos produzidos por coletivos audiovisuais Indígenas do Nordeste.

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